“ruas largas, sem calçadas – ou com calçadas mal conservadas e que parecem desenhadas em pranchetas no andar mais alto do palácio do buriti, essa cidade não foi feita para pessoas e sim para pessoas dentro de caros, pessoas dentro de prédios: pessoas dentro da máquina de produção-consumo.
feita na prancheta, imaginada e não vivida, Brasília é esquadrinhada: tudo aqui tem seu lugar, ditado pela divisão em setores, mantido pelas autoridades, uma cidade construída em amor ao poder, é assustador perceber como a maneira que as coisas se dispõem nessa cidade casa com propósitos individualistas-capitalistas.
uma cultura de hipervalorização histérica por automóveis, falta de ônibus, de calçadas, de acesso, a receita para faltar pessoas, a rua não é mais ponto de encontro. Os espaços públicos são reduzidos a praças vazias que exaltam o poder. Diversão comercializada dentro de lugares fechados.
mas, no meio desse deserto medonho, ainda conseguirmos criar espaços e promover encontros.
estabelecer laços de comunidade e de amizade, de (des)organização não hierárquica e centrada em outras coisas que não a grana e/ou status dá outro sentido à noção de contra-cultura nessa cidade onde o desencontro e a solidão ficam evidentes nas ruas quase inabitadas. Entendemos o faça-você-mesmx não apenas como um caminho pré-definido de como agir ou onde chegar, mas uma estrada que pavimentamos juntxs: criarmos coletivamente outras espaços, e outros tipo de relação.
em uma cidade que promove a segregação e o desencontro, provoquemos o esbarrão. Faça-você-mesmx!
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