quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Homem Vertical

Na caverna havia um buda. Ao seu redor reuniam-se neanderthais iluminados pelo fogo eterno. Em silêncio, embalados pelo som do vento e sob a luz das mesmas estrelas que iluminam nossas noites, esmerilavam o forame magnum do bebê de Taung, a mandala anatômica por onde Darwin contemplou a evolução.


O fogo queima.

O vento sopra.

As estrelas brilham.


Erga-se, homem! Demonstre algum respeito por teus avós.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Vinte Mil Toalhas Brancas

Vocês terão o que querem, porcos. E quando descobrirem que tudo isso é nada, lembrem-se de mim, aqui, no inferno, banhando meus pés em um rio de merda...
Esperando vocês.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

ta dá

eu vi esse dia se ir. eu vi esse dia chegar. tava uma lua cheia linda de morrer na despedida, um sol de fazer chorar. ninguém então melhor que eu pra dizer: vale a pena viver.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Morrão!



"Sabe o que está faltando? Gente vomitando no palco, quebrando guitarra, os maus comportados. No fundo são todos um bando de Sandys. Tudo cai no ridículo muito cedo e é todo mundo muito bem comportadinho, muito politicamente correto. Acho isso meio sacal"

Guilherme Arantes, grimório vivo do pop









Não faz nem uns 700 anos, que bombava na Índia setentrional uma balada chamada Sati. Nesse ritual sagrado do hinduísmo, a viúva se atirava na pira funerária do falecido no ápice da cremação. Imagine você Comandante! Mas isso era o barato da época. Ao saber disso, tua glândula pineal já lhe irradia termos como barbárie ou misoginia. Mas, tenha em vista que relatos históricos dizem que se tratava de um ato sublime de devoção espiritual e não uma submissão do corpo carnal. Algo como o verdadeiro Nirvana, my friend. Diga aê!

O enterro dos indies vem aí. E é desnecessário dizer que vai ser um sati daqueles. A pira será acesa em dois funerais distintos. Um em cada lado dos trilhos do trem. Sábado, 20 de Agosto, Valdez, Mechanics e Zefirina Bomba esperam os devotos do ódio no Cult 22 Bar, Lago Norte. No domingo, 21, River Phoenix, Valdez, Mechanics, Galinha Preta e Zefirina Bomba queimam as roscas que ainda faltarem no Bar da Toinha, Samambaia. A etiqueta da ocasião sugere perfumar-se com colônia de barbecue ou óleo de peroba. Ajuda bastante o processo.


A convocação está feita. Os indies estão se espalhando depressa. Mais rápido que um compêndio de lados B do Radiohead no megaupload. É seu dever cívico honrar as calças fora de moda que veste e ajudar a erradicar esse mal. Reúna o maior número de hipsters que encontrar nas baladinhas fru fru da cidade e leve-os aos funerais supramencionados para dar uma boa lição do que é rock a esses almofadinhas. Dizem que uma grande pilha de i pods em chamas dá um belo barato.


Quem morrer verá!


por Michel Aleixo, guitarrista do River Phoenix



quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O amigo tem um cigarro?

A velha Umbelina me dizia que a esquina é onde o diabo despacha. Ela tinha razão: É lá o escritório dele assim como é no mar onde está deus, isso não precisou ninguém me dizer. deus curte lugares desertos, o diabo aglomerações. deus habita a alma humana, o diabo o inferno, como todos sabem, e o inferno é aqui. Então, se deus cuida da casa, o diabo vagueia pela rua. Hoje ele me pediu um cigarro, e eu dei. Fogo ele já tinha. Depois desse encontro flertei, furtei e enganei tão naturalmente quanto se respira, e apesar de minha formação católica não estou sentindo nem um pouco de culpa. Não tome meu testemunho por confissão, não é. Lá fora é o inferno, eu o vejo de minha janela, ele é luminoso e amorfo, não há nada parecido com uma linha reta por lá.
O inferno é fogo. Uma vez nele é preciso saber driblar.
O inferno é fogo, e eu tô pra jogo.
Aí vou eu...

quarta-feira, 3 de agosto de 2011