O temor da plebe é um medo supersticioso. baseia-se na idéia de que há alguma diferença fundamental entre ricos e pobres, como se fossem duas raças diferentes, como negros e brancos. Mas, na realidade, não existe diferença. A massa dos ricos e dos pobres diferenciam-se por suas rendas e nada mais, e o milionário típico é apenas o lavador de pratos típico com roupa nova. Troquem-se os lugares e adivinhem quem é o juíz e quem é o ladrão. Quem quer que tenha se misturado em termos iguais com os pobres sabe disso muito bem. Mas o problema é que as pessoas inteligentes e cultas, justamente aquelas que deveriam ter opiniões liberais, jamais se misturam com os pobres. Pois o que a maioria das pessoas instruídas sabe sobre pobreza? Em meu exemplar dos poemas de Villon traduzido para o inglês, o editor julgou necessário explicar o verso "Ne pain ne voyent qu´aux fenestres" em uma nota de rodapé, tão remota é a fome da experiência do homem culto. Dessa ignorância resulta naturalmente um medo supersticioso da plebe. O homem instruído imagina uma horda de sub-homens, desejosos apenas de um dia de liberdade para saquear sua casa, queimar seus livros e pô-lo a trabalhar cuidando de uma máquina ou varrendo um banheiro. "Antes qualquer coisa", ele pensa, "qualquer injustiça, a libertar a plebe". Não vê que, uma vez que não há diferença entre a massa de ricos e a de pobres, não se trata de libertar a plebe. A plebe, na verdade, está livre agora e - na forma de homens ricos - está usando seu poder para montar enormes moinhos de tédio, tais como os hotéis "elegantes".
G. O.
Um comentário:
Servido.
Ricardo
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