sexta-feira, 13 de julho de 2012

37

Que era filho do vento e tinha vindo pela minha mãe; Que "Quem sobe batendo desce apanhando"; Que era muito antigo, mas eu sou mais; Que somo húmus e, portanto, humildade; Que era o capitão, mas eu sou o general e que não havia nada que ele me dissesse que eu já não saiba; Que eu considerasse quantos morreram para que eu estivesse aqui... e todas essas coisas me dizia assim, aos borbotões e de supetão. Eu não estava preparado para isso. Eu não conseguia entender de onde ele veio, a rua estava vazia. Chegou, apresentou-se como um anjo que não lembro mais o nome e ficou muito impressionado quando, de choça, respondi-lhe que sou Azazel. Seguia meu caminho, e ele comigo, e adiante demos em um bar lotado com uma mesa e duas cadeiras nos esperando ao que pensei e por que não, o que é um peido pra quem já está cagado, né? Sentamos. Pedi uma cerveja, ele fez-me observar a impressão que causávamos nas mesas em torno e continuou com sua ladainha descontrolada... Que isso, que aquilo, que éramos espíritos e não humanos e que ele estava esperando por mim para enfim encarnar, mas que isso não me ocorreria, e, então, quando disse-lhe que precisava ir, apesar de me garantir que não precisava de grana em absoluto, pediu-me para pagar-lhe outra, o que fiz. Ele agradeceu, mas não isso, e me disse que nunca mais nos veríamos. Eis o motivo deste texto.
Catei um de seus cigarros e segui meu caminho. Andei muito, quando amanheceu o dia alcancei uma garotinha no colo do pai me encarando, na contramão vinha um ancião. Quando nos cruzamos acenei para a garotinha e foi isso: O passado ficou para trás. O futuro me sorriu.
Era meu aniversário.

2 comentários:

stvz disse...

congratulations, old man

you know my name. disse...

tkz, kid.