Z. ouviu um som da rua, orgânico demais pra ser mecânico e metálico demais pra ser orgânico, e pensou que podia ser o tempo se rasgando lá fora. Ele estava certo. As fendas temporais são fenômenos ordinários no mundo de hoje e só não estampam as páginas dos jornais porque o que a turma curte mesmo é sangue. Z. virou pro lado, adormeceu e sonhou que era um elefante e vivia na África, em um circo, acorrentada a uma bola de ferro, daí, como nos sonhos é-tu-do-má-gi-co, de repente a bola de ferro era um balão vermelho que saiu voando e assim salvou Z. de uma matilha de ratos, pois no sonho de Z. coletivo de rato é matilha e só passa de meia em meia hora, vêm em ondas como o mar e chocam-se na orla de Z. com uma violência suicida tão insana que acabam rachando o espaço. Krack. Z. achou estranho um elefante pendurado num balão. Pop. O balão estourou, lá vem Z. em queda livre com toda a porra, um dumbo trágico, o vento zunindo em suas imensas orelhas de abano um som orgânico demais pra ser mecânico, metálico demais pra ser orgânico...
Z. acordou com seu cão lhe lambendo, como naqueles filmes B. E como naqueles filmes B havia um brilho estranho nos olhos de Fait Divers, o cão de Z. Mas um cão vampiro é o menor dos problemas de Z. : Havia sangue por toda parte. Z. olhou bem em volta, fechou os olhos, desejou profundamente que aquilo tudo fosse um sonho ruim, abriu os olhos novamente, fechou, abriu, por fim gritou, mas só havia silêncio, lançou-se então contra as paredes, nada, mais sangue. Seria cômico não fosse trágico.
Em 12 de Julho de 2008, dois dias após o ocorrido, após beber duas garrafas de vinho tinto, ter comido meia fatia de queijo maasdam e fumado um baseado ao som de ZZ Top, e ainda sem conseguir dormir, ou acordar, Z. chegou à triste conclusão que enlouquecera. Ele não ficou exatamente surpreso com sua descoberta, isso era algo em que já vinha matutando há algum tempo: Enlouquecer era a única conclusão lógica que se podia chegar em sua situação.
Foi o jeito, pensava Z., foi o jeito enlouquecer, pensava Z., olhando fixamente para uma das quinas de seu cubículo feliz. Moralmente, eticamente falando, não havia mais nada a fazer. Era, inclusive, a escolha mais digna, a decisão mais sábia.
-Então, é isso, estou louco. Hmm. O que acha, mamãe? Mamãe??
Z. vai até a geladeira, abre o congelador e dá uma conferida.
Z. acordou com seu cão lhe lambendo, como naqueles filmes B. E como naqueles filmes B havia um brilho estranho nos olhos de Fait Divers, o cão de Z. Mas um cão vampiro é o menor dos problemas de Z. : Havia sangue por toda parte. Z. olhou bem em volta, fechou os olhos, desejou profundamente que aquilo tudo fosse um sonho ruim, abriu os olhos novamente, fechou, abriu, por fim gritou, mas só havia silêncio, lançou-se então contra as paredes, nada, mais sangue. Seria cômico não fosse trágico.
Em 12 de Julho de 2008, dois dias após o ocorrido, após beber duas garrafas de vinho tinto, ter comido meia fatia de queijo maasdam e fumado um baseado ao som de ZZ Top, e ainda sem conseguir dormir, ou acordar, Z. chegou à triste conclusão que enlouquecera. Ele não ficou exatamente surpreso com sua descoberta, isso era algo em que já vinha matutando há algum tempo: Enlouquecer era a única conclusão lógica que se podia chegar em sua situação.
Foi o jeito, pensava Z., foi o jeito enlouquecer, pensava Z., olhando fixamente para uma das quinas de seu cubículo feliz. Moralmente, eticamente falando, não havia mais nada a fazer. Era, inclusive, a escolha mais digna, a decisão mais sábia.
-Então, é isso, estou louco. Hmm. O que acha, mamãe? Mamãe??
Z. vai até a geladeira, abre o congelador e dá uma conferida.
2 comentários:
massa
z. comendo o queijo do seu rato-lobo do espaço. é isso, não?
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