Amorfolópolis: Os homens peixe e a família progérica, eles compram laranjas e mangueiam o preço como todos, os turcos, os punks, os pitiboys, os emos, os manos e os americanos, eles também só querem ser amados.
Em Amorfolópolis é assim, nove vírgula seis metros por segundo ao quadrado, preto é preto, branco é branco, azul é azul e são quinze laranjas por cinco dinheiros. Os bebês nascem pequenos e vão crescendo até ficarem grandes, como os prédios e as árvores, e aí eles vêm abaixo e crescem mais, maiores, até arranharem os céus com suas antenas, uma história tão velha...
Não existe vida para além de Amorfolópolis, essa é uma verdade tão perene quanto sua necessidade, pois Amorfolópolis vive, e quanto mais viva, menos estrangeira, se há vida, é aqui sua casa, além, nada. Os Filhos de Watson e Crick no Jardim de Charles Darwin, crescendo, mudando a voz, criando pêlos, chifres, crinas, caninos, escamas, trocando de pele. Fincados à terra, pairando no céu, oniscientes.
Finda a feira o velho mutante volta para casa, no quadragésimo quinto andar de um prédio em franca ascensão, e prepara o café, a água ferve a cem graus centígrados, o café é expresso, forte, sem açúcar. Ele o toma com torradas acompanhando pela janela o fluxo na rua, que hoje é da direita para a esquerda. Amanhã, quem sabe.