domingo, 30 de março de 2008

Is This It?


9. A coisa toda começou no início de Maio e durou quase até seu final – Escreveria mais tarde em meu diário – e ainda não estou bem certo do que me aconteceu. Em parte é por isso que registro aqui o ocorrido, ao menos de como acho que foi, e em parte para que, se eu não conseguir entender, que outro entenda, ao menos, e me explique.
Estive fora do ar por um tempo, não sei quanto tempo, essa é uma das questões que me afligem, inclusive, não exatamente quanto, eu tenho relógio, mas aquilo tudo não pode ter ocorrido em apenas… Bem, eu fui agredido, acho que perdi a consciência, talvez para sempre. Eu não consigo discernir muito bem as coisas, parece que vivi mais em um mês que em minha vida inteira, contando os anos que estão por vir. Em um mês eu vivi várias vidas, algumas delas concomitantemente, por sinal, fui orador e interlocutor de mim mesmo, eu fui o fato e seus desdobramentos, todos os seus desdobramentos possíveis, e era como se tentasse fugir de uma situação que me devorava, de mim mesmo, portanto, e em minha fuga acabasse de volta à boca do lobo, sem nunca, no entanto, ser por ele devorado de vez. Um Karma Instatâneo. Uma prisão que chamei Monstro de Mil Olhos. Eu era então o mundo todo, e o mundo estava em seu estado primordial, o caos. E quando o caos partiu-se ao meio foi aí o dia de meu juízo e também o dia em que nasci novamente. Eu nasci sabendo muita coisa e com uma capacidade enorme de esquecer vinda de outra maior ainda, a de deduzir, só comparável em sua magnitude à de imaginar, daí o ciclo vicioso inevitável, o Monstro, que veio à luz comigo e que aqui, à luz desta outra realidade, chamo de Estado, e de Igreja, uma variação sua, uma I-2 situacional, para os braços da qual corri em meu desespero, reproduzindo assim, mais uma vez, aqui como ali, o karma. Aqui como lá, o Status Quo, a Besta, e o que o legitima, a caguetagem, a pilantragem, o ego inflado, o 6x1, o que em minha inconsciência aprendi a chamar de Os Libélulas. Hoje mesmo topei com eles, me trancaram na rua, à caminho do banco, onde ia justamente pagar minhas contas, o dízimo, para que me deixem em paz, os indigentes, seis deles, armas apontadas para minha cabeça, me apalparam, me cheiraram, mexeram em minha mochila, e me deixaram ir, não acharam o que queriam, os cães, claro que não, eles teriam que ter morrido mais vezes do que eu, eles teriam que saber mais de mim do que eu deles.

– Corpo estreito, dois pares de asas membranosas muito transparentes, carnívoras e voracíssimas. Senhoras blindadas da gravidade pairando absolutas sobre nossas vidas. Ok. This is it.

sábado, 29 de março de 2008

Mônica em Hysteria


Quando Roberta viu o poket fest car encostar em frente ao bar mudou de cor. Pediu licença aos outros da mesa, levantou-se, dirigiu-se ao banheiro e ficou por lá tentando recuperar o sangue. E pensando em vingança. Mas parece que não deram por sua falta, então ela voltou, pra quê? A festa já estava armada, alguém levantou todo feliz, estou salva, ela pensou, não é comigo. Era. É por você que os sinos dobram, Roberta, e que os fogos espocam, e que a sirene apita e o diadema brilha e os auto-falantes berram. O horror. Mas tem gente que gosta, o cara que pensou que era com ele sentou-se novamente, visivelmente decepcionado. Ao mesmo tempo, de sua mesa, seus amigos gritaram - ali. E apontaram. Roberta ponderou, e correu, correu o mais que pôde, gritando "não sou eu".
Tsc, tsc. Ficar louca não vai adiantar, baby: Parabéns pra vo-cê, nesta data que-ri-da. Mônica, esta é a sua vida...

Quando eu conheci Mônica ela já era irremediavelmente louca, e absurdamente bela. Bem, este não é um mundo sadio, então me apaixonei por ela. Eu estava em um café, vegetando, ela apareceu, perguntou se podia sentar, sentou sem esperar a resposta e começou a explicar algumas coisas sobre mim que eu ainda não sabia, só muito tempo depois percebi que ela não falava de mim, falava dela, em segunda pessoa, então passei a chamá-la Mônica, entenderam? E também porque ela é dentucinha e sabichona.

-Muito bem, este foi o maridão, e agora, quem se habilita?
"Agora sou eu. Eu. Eu!"
-E quem é você, jovem?
"Eu sou a médica dela."

Quando eu conheci Mônica ela ainda era Roberta, ela insistia muito nisso de ser ela mesma, mas é pra isso que existem os antidepressivos, não é mesmo? Em menos de um ano ela já estava outra, irreconhecível. Um verdadeiro milagre.

Roberta não parecia confortável em sua camisa de força. Em sua camisa de força, Roberta não parecia Mônica. Mônica é sempre feliz. Roberta é louca.
...Mas quem não é, aqui, em Hysteria?

"Muito bem, alguém mais?"
Por trás da mordaça, Roberta balbuciou algo, "não sou eu", ninguém deu importância, a festa continuou. Muitas fe-li-ci-da-des, muitos anos de vida. Parabéns, Mônica. Feliz Desaniversário, Robx.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Sirva-se Records Rádio Rock


...E ...ando ...idade à nossa ...ação ...mal - dizia o cara da rádio, que por sinal está muito mal sintonizada, incomodando quem se presta a ouvi-la com toda essa estática que graficamente soa mais ou menos assim: Bzzz... Tzzzz... Bzzzt!
Deixando, todavia, de lado toda essa estática, e dando continuidade à nossa programação normal - dizia o cara da rádio - vamos à entrevista com o Professor P, nosso ufólogo anarco-punk de plantão. Heim? Perdão, Professor, Plutão. E aí, Professor, um de nossos ouvintes está na linha conosco agora e gostaria de saber o seguinte: É a arte uma forma de se trazer deus para a terra, funcionando assim meio como que uma máquina ritualística? E, caso a resposta seja afirmativa, seu contrário também é válido? A arte pode ser o elevador do belzebu, o pula-pula da besta, o upa-upa cavalinho do cão? Quais as implicações políticas disto? Porém, antes, querido ouvinte, por que você está ouvindo uma rádio tão boa num volume tão baixo?
Porque aqui na drogaria não dá pra ouvir mais alto.
E como é trabalhar em uma drogaria? A igreja católica ainda é dona da Roche?
Acho que sim.
Nada mais conveniente, não?
Acho que sim.
Muitas drogas?
É uma drogaria, ora.
Sim, claro. E como vai seu armário de controlados?
Vai bem.
Um abração pra ele.
Pode deixar.
Qual era mesmo a pergunta?
Esqueci.

Mizu Records


Miau.

quinta-feira, 27 de março de 2008

22:00 hrs


Goin´Straight to Hell, hoje, às 22:oo hrs, em sua Sexta Insana. A história verdadeira de um amor proibido que acabou mal, muito mal.

Havia sangue por toda parte. Sangue nas paredes, sangue no sofá, sangue escorrendo da tela da TV. Acho até que o cadáver ainda não sabe que morreu, não serei eu a dizer, a vida é dura, a morte também. Amanhã um jornal espreme sangue dará a notícia. Senhora Maria Mendez M. Magnólia, a Velha M. como era conhecida, aposentada, viúva, tresloucada, assassinou à sangue frio e com "requintes estéticos de rara beleza e refinada crueldade" como ressaltou o legista, Jonas Júnior, dezoito anos, estudante, seu único filho. O crime ocorreu na sala da casa onde ambos moravam. A Velha M. sempre foi uma senhora recatada e uma mãe dedicada, além de muito religiosa, testemunhou-nos um vizinho, e acrescentou: Já o garoto...

-O que tem eu?

O garoto não sabe que morreu. Não serei eu a avisá-lo. Acompanhe suas desventuras aqui, em Goin´Straight to Hell, na sua Sexta Insana: Sangue nos olhos, senhores.

TNT Records


E lá vem ela a trezentos por hora pela passarela vertical, linda em seu vestido transparente das piores intenções.
O céu vai ficando para trás, aí vem ela, bum, lá vamos nós.
Estamos mortos. A vida é bélica. Não há por que se preocupar.

terça-feira, 25 de março de 2008

MC Bongo

É um pra lá, e dois pra cá.

Aconteceu em ZZz City


Z. ouviu um som da rua, orgânico demais pra ser mecânico e metálico demais pra ser orgânico, e pensou que podia ser o tempo se rasgando lá fora. Ele estava certo. As fendas temporais são fenômenos ordinários no mundo de hoje e só não estampam as páginas dos jornais porque o que a turma curte mesmo é sangue. Z. virou pro lado, adormeceu e sonhou que era um elefante e vivia na África, em um circo, acorrentada a uma bola de ferro, daí, como nos sonhos é-tu-do-má-gi-co, de repente a bola de ferro era um balão vermelho que saiu voando e assim salvou Z. de uma matilha de ratos, pois no sonho de Z. coletivo de rato é matilha e só passa de meia em meia hora, vêm em ondas como o mar e chocam-se na orla de Z. com uma violência suicida tão insana que acabam rachando o espaço. Krack. Z. achou estranho um elefante pendurado num balão. Pop. O balão estourou, lá vem Z. em queda livre com toda a porra, um dumbo trágico, o vento zunindo em suas imensas orelhas de abano um som orgânico demais pra ser mecânico, metálico demais pra ser orgânico...
Z. acordou com seu cão lhe lambendo, como naqueles filmes B. E como naqueles filmes B havia um brilho estranho nos olhos de Fait Divers, o cão de Z. Mas um cão vampiro é o menor dos problemas de Z. : Havia sangue por toda parte. Z. olhou bem em volta, fechou os olhos, desejou profundamente que aquilo tudo fosse um sonho ruim, abriu os olhos novamente, fechou, abriu, por fim gritou, mas só havia silêncio, lançou-se então contra as paredes, nada, mais sangue. Seria cômico não fosse trágico.
Em 12 de Julho de 2008, dois dias após o ocorrido, após beber duas garrafas de vinho tinto, ter comido meia fatia de queijo maasdam e fumado um baseado ao som de ZZ Top, e ainda sem conseguir dormir, ou acordar, Z. chegou à triste conclusão que enlouquecera. Ele não ficou exatamente surpreso com sua descoberta, isso era algo em que já vinha matutando há algum tempo: Enlouquecer era a única conclusão lógica que se podia chegar em sua situação.
Foi o jeito, pensava Z., foi o jeito enlouquecer, pensava Z., olhando fixamente para uma das quinas de seu cubículo feliz. Moralmente, eticamente falando, não havia mais nada a fazer. Era, inclusive, a escolha mais digna, a decisão mais sábia.
-Então, é isso, estou louco. Hmm. O que acha, mamãe? Mamãe??
Z. vai até a geladeira, abre o congelador e dá uma conferida.


domingo, 23 de março de 2008

Felizes Juntos


-E pra provar que falo sério vou queimar muito dinheiro em notas de dez, em praça pública.
A massa humana deu uma sacolejada, em pouco tempo apareceu alguém com a gasolina, ele tinha fósforos, saiu pra sacar a grana, a multidão o acompanhou.
Foi até o banco, sacou, trocou, saiu todo feliz. Apareceu a TV. Perguntaram ao povo o que era aquilo. -Alguém vai queimar dinheiro. -Por quê? -Pra provar que não vale nada. -É louco? -Só pode.
Não teve paciência de esperar a praça chegar e mesmo andando o mais rápido que podia começou a queimar as notas de dez ainda no caminho.
-Com licença, como o senhor se chama? Por que faz isso? O homem seguia queimando, deu-se mesmo ao luxo de acender um cigarro com duas de dez flamejantes. Alguém saiu do meio da turba, arrancou-lhe o maço e saiu correndo. O homem disparou atrás, o povo atrás do homem. Encontraram-no mais à frente, já com o dinheiro na mão e os pés no ladrão, chutando-o. -A gasolina! Vai ser aqui mesmo. Chegou a polícia. O homem sacou uma arma. Começou a correria. A polícia disparou. Gente corria pra longe do homem, pra se salvar, gente corria pra cima do homem, pra salvar o dinheiro, a polícia correu pra cima da gente, começou o quebra-quebra. O homem não sobreviveu. O dinheiro passa bem.

D. Maria viu pela TV Sr. Zé no meio da confusão. Naquela noite ele chegou em casa tarde, manco, cheirando a gasolina e feliz, estranhamente feliz.
-Mulher, você não vai acreditar, eu estava na praça jogando xadrez quando chegou esse cara, pediu uma informação, pediu um cigarro, pediu um cartão telefônico, saiu, voltou, devolveu o cartão, agradeceu e começou uma conversa de que dinheiro não vale nada, e que queria gasolina pra queimar dinheiro. Ele até que tinha uns argumentos coerentes, mas ele queria qieimar dinheiro, entende? E era muito pidão. Mas daí que parece que falava sério... -Ah, parece? -É. Ele dizia que dinheiro é um pedaço de papel que a gente acredita que pode comprar tudo e por isso vale tanto. Ele disse que havia ganho muito, mas que pra isso perdeu tudo. E pra provar que estava falando sério ia queimar muito dinheiro em notas de dez ali, na praça. Daí em diante foi uma loucura só. -Eu vi, passou na TV. Você sabia que o dinheiro era roubado?
A campainha tocou, o telefone também. D. Maria foi atender a porta, Sr. Zé começou suar frio.
-Alô? -Papai? -Sim? -D. Maria? Detetive Marins. -Alô. -Papai? -Pois não? -Seu marido está? -Papai? -José?

No hospital, Sr. Zé soube que infartara. Medicado, ao lado da esposa e do filho, começou aos poucos a relaxar, mas não muito: "Ainda falta o tal Marins."
-Muito bem, Sr. Zé, vou direto ao ponto, onde está o dinheiro? -Que dinheiro? -Nós sabemos que o Sr. estava lá, sua esposa confirmou. -Ela também disse onde está o dinheiro? -O Sr. a acusa de cúmplice? -Eu a acuso de ignorante, mas isso não é da sua conta. -Então não vai colaborar? -Já colaborei muito, agora aposentei. -Não saia da cidade. -Não pretendia.

Em casa, após a janta, a sós com o filho, Sr. Zé começou uma conversa esquisita e curta. -Preciso que pegue algo pra mim, mas não quero que faça perguntas. -E o que ganho com isso, papai?
Zé não respondeu. Não conseguiu recuperar o dinheiro. Nunca conseguiu sequer dar uma conferida, e começou a desconfiar de sua memória, se todo aquele dinheiro existiu mesmo... Piorou, por fim morreu, pobre, meio louco, estranhamente feliz.


sexta-feira, 21 de março de 2008

K7 Records


ouça no volume máximo.

One for the money


two for the show. 01101011001010100100010110010110101100110010101001110101010110101
0100010101010101000101100101000101100101100011000011001100110101010101010101010
101110100110011001011001101010101010010101010010101110101010101011010010110010010
010101101010101010101010101010101011100101101GOGOGO!00001100100100100101101010
00000010110011010110010011011001101101101011101110011010101010101000101001011001
001000001000101001010001010110101101010111001001010001000010101010001010Amém.

"We got a problem, Houston"



um pequeno passo para o homem...

... E você não está mais no mesmo lugar.


quarta-feira, 19 de março de 2008

Crônica de Ana


um passo por vez, cada vez a última, até se chegar ao começo - Era esta a filosofia de Ana, para quem a vida corre para trás, na contramão da história. Ana está grávida de sua mãe, por quem seu pai se apaixonará perdidamente, da união dos dois, um casal, seus avós. A história repete-se, sistemas dentro de sistemas, engrenagens circulares de mote inverso, descambando no mar, origem de tudo, onde Ana está agora, contemplando seu futuro.
Mirando o horizonte Ana persegue com a vista uma jangada: podia ser um transatlântico, a esta distância é indiferente, tanto um como centenas, pensa, e toca o ventre. Ana não conheceu seus pais, não conhece seu país.
Aos seis órfã, aos doze estrangeira, aos dezoito uma menina igual a todas as outras, aos vinte e quatro professora, aos trinta mãe. Aos sessenta Ana estará de volta ao mar, talvez observando os barcos voltarem, suas redes cheias de peixes.
Tanto um como cem. A jangada agora é só um ponto indo de boca aberta na direção do horizonte, sua linha é tênue, tensiona, o sol é poente, o ponto some: o peixe foi fisgado, Ana também.

No dia 12 de Maio de 1968 nasceu João, sob o signo de touro, às 22:00 hrs, pesava 2 kg na ocasião, e isso é boa parte de tudo que se sabe dele. O resto são histórias de pescador, algumas tão estranhas ou simplesmente estúpidas que nem vale a pena contar. De certo só que nasceu prematuro e que morreu afogado, enroscado em uma rede de pesca, deixando esposa e filhos, João e Ana, essa ainda na barriga da mãe, que mal enterrou o defunto sentiu-se em apuros, viu-se obrigada a tomar uma decisão drástica, rezou, chorou, por fim resignou-se e escolheu criar apenas o menino, mais velho, braços fortes. Deixou a menina sob a tutela de um casal de gringos que a chamaram Ana, em homenagem à mãe, uma senhora realmente carente, viúva, doente, pobre João.

Para João Félix dinheiro não era sinônimo de felicidade. Muito menos antônimo. João adorava dinheiro e tudo que vinha junto, mais ainda o que vinha junto e por isso gastava mais do que podia, mas não se importava com as dívidas, elas eram só "coisas que vinham junto". Logo cedo pegou gosto pelo jogo, e como dava-se melhor com as cartas que com os peixes, trocou a rede pelo baralho, mas nunca foi de menosprezar a pesca, no mar como no poker, "caiu na rede é peixe". Foi no jogo que conheceu Ana, por quem apaixonou-se perdidamente. Em comum tinham só o presente, Ana não sabia de seu passado, João dali em diante não quis mais saber do seu: Ganhou muito dinheiro, perdeu tudo, de seus vinte anos de jogatina não comenta um dia sequer.
João voltou à pesca, aí vem uma boa sequência, ele arma o jogo, lança a rede, o mar contra ataca, dois ases na manga, um royal flash na água, enrosca-se na rede, fim de jogo para João.

Da praia Ana observa o ponto sumir no horizonte, sente uma fisgada, pensa na vida, em redes, cartas, engrenagens... "Se for menino se chamará João".

terça-feira, 18 de março de 2008

Foda-se Records





what´s up, charlie?


por aqui tudo uma merda, joe. o céu é azul, a grama verde. há uma noite estrelada, uma lua brilhante, um dia, e bem no meio dele um sol provedor de vida. àgua fresca, mulheres lindas e ainda estranhas ao silicone, pão e circo, fumo e vinho, boa música. como vê, a única coisa de que não posso me queixar é a falta de motivos para reclamar.
meu corpo é são, minh´alma também. eu tenho alguém que me ama e também amo alguém. essa minha vida é uma desgraça só.
a terra é fértil, no inverno chuva, na primavera flores... os pássaros estão cantando lá fora anunciando um novo dia: putaquepariu, tudo outra vez.


sábado, 15 de março de 2008

O Trítono com a Tônica


Senhora,
A flor que te daria, sinto informar, nasceu pretérita do quando dá-la queria, e isso era hoje, e já vai hoje em tarde... E o tempo urge e ele, que dobra crianças em velhos e noites em dias, diz que é meu por direito o presente que renuncias e ainda em minhas mãos pende.

Bem-ou-mal-que-me-queira, vou despetalando-lhe os laços... E quando enfim o desnudo, descubro, estúpido, que dentro desta caixa, onde os tolos não vêem nada - e quando muito um botão - há na verdade mapas e nestes mapas rotas que me sussurram "persiga-me" e eu nem as pergunto aonde vão: Ponho meu barco à deriva do rio que elas indicam e, nave sem rota em ida sem volta, vou...
E ao fim da viagem, entendo - e eis que nisso consiste o presente - que minha nau me levou, tão semente, à promessa de uma outra... Flor!

Senhora, ironia, em algum lugar riem de mim. Aqui, uma blue note passa a página, outra história.

domingo, 9 de março de 2008

Sirva-se


"A humanidade anda tão digital, tão substancialmente virtual, que tudo que é analógico, nossa própria carne, virou fetiche."

Super Mário Bros

segunda-feira, 3 de março de 2008

O Maior Show da Terra

Respeitável público! Com vocês, Zunira, a mulher vampira; Monga, a mulher gorila e Amélia, a mulher de verdade barbada. As 7 maravilhas de Marte, notícias do átomo, o livro que se lê, a roda da fortuna. A incrível estória da menina que entrou pelo buraco do coelho e saiu pelo espelho do quarto. As botas do gato e o beijo do sapo.Os segredos alquímicos de Melquíades e as barbas de molho do profeta Jeremias, a baleia de Ahab,o narguilé do saci turco,a sala de espelhos, o monumento em braile, o kinderovo da serpente da cabeça da Medusa planificada e mais, muito mais. Entrem, entrem, já vai começar o espetáculo. Esquindum esquindô, dente de cobra, asa de morcego, pé de pato mangalô três vezes seis dezoito por cento de umidade relativa do ar, pista livre, céu de brigadeiro, nuvens de marshmelow, senhoras e senhores, renomeiem o arquivo como .rar e... Abracadabra: