quinta-feira, 3 de abril de 2008

Cumulus Absurdum


Mal dado o décimo sétimo passo, com esse trinta e quatro em direção à saída, dezoito para chegar lá, avistou uma muvuca vindo em sua direção. Mais cinco passos e percebeu que a muvuca era na verdade uma comitiva, que dista da anterior por tratar-se de gente de vida pública: Vereadores, prefeitos, governadores... E seus asseclas, esses sim, a muvuca. Bem, lá ia ele. E lá vinha a roda de pogo dos engomados. Como é sabido por todos, mas não custa nada repetir, dois corpos não podem, ao mesmo tempo, ocupar o mesmo lugar no espaço. Principalmente quando um deles é um Cumulus Absurdum, uma massa compacta de paletó, gravatas, lenços, cáries e chinelos que se confundem em meio à própria poeira que levantam. Que a muvuca levanta, permita-me retificar, que comitiva não polui. Lá vêm eles. E lá vai ele, perdido em meio ao poeirão, procurando em meio ao caos social em forma de turba o que é câmara e o que é taipa, o que é chinelo e o que é gomalina, o que é chanel e o que é avon, quem são os eleitos, quem é lei, e quem é urna. E quando perigava entrar em uma crise de identidade assombrada por alucinações de pesquisas, siglas e comícios, quando já perigava perder o norte, quando já perigava perder, inclusive, a paciência, o Sr. Rua, num gesto desesperado, gritou – ‘Dotô’! E imediatamente, junto às tapinhas que, sabe-se lá vindas de qual dos sete círculos do inferno instantaneamente estalaram em suas costas, o caos se pôs em ordem. Goma para cá, sebo para lá. E a vida continua, a doze passos da saída do parque de vaquejadas. Oito. Quatro. Dois...
"Zero/Boi".

Um comentário:

Anônimo disse...

http://www.interzona.spatum.net