terça-feira, 1 de abril de 2008

KO


Ding-ding. Sexto Round. Eu ainda estou de pé. Meu adversário é uma piada, eu praticamente tenho que bater em seus punhos com a minha cara. Chutar um gato morto é muito fácil. Cair em pé é uma arte.
Jabs. Um, dois, três. Uppercuts. O giro. E o gancho.
Eu baixo a guarda, trinco os dentes, fecho os olhos e vejo estrelas: Baby Face Washington, campeão da liga, treze nocautes, vinte quatro vitórias, nenhum empate, nenhuma derrota, beija a lona no sexto round. Quando abro os olhos o vejo. Meu sangue me embaça o olho que ainda enxerga, estou prestes a desmaiar, ele está na última fileira, mas ainda assim o vejo piscar um de seus olhos amarelos para mim. "Estamos quites".
Quebrei a cara, livrei a alma. Saí ganhando.
Quando veio me visitar, no vestiário, pouco antes da luta, estava outro, mas seus olhos eram os mesmos e eu logo percebi a situação: Ele não havia apostado em mim. Ainda deu tempo de pedir ao meu massagista para correr até o guichê de apostas e apostar todo meu dinheiro em meu adversário.
Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez. Nocaute.
Ainda sou jovem. Velho demais para o Boxe, talvez, mas ainda consigo derrubar uma parede de tijolos, ou construir uma, e tem a grana das apostas, posso pagar minhas outras dívidas e recomeçar a vida do zero: Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez. Eu me apoio no chão com os punhos e me ergo, mas ainda estou no chão. Ele não joga para perder.

Um comentário:

Anônimo disse...

da próxima vez liga aí que essa comunicação por comentário de blogue não dá muito certo.
hehe